Para além das performances físicas de Lora Juodkaite e Annie Hanauer que atraem espectadores, e da fascinação que alguém pode sentir com sua virtuosidade rodopiante ou meticulosa, o coreógrafo Rachid Ouramdane procura o gesto particular de seus performers, gesto este, comum ou não, que nos torna o que somos. É este mesmo gesto que faz o dançarino dançar, à sua maneira, e também a falar um pouco sobre si mesmo. Os dois porta-retratos sensitivos e intuitivos alcançam essas duas mulheres na nudez de seus gestos, em sua iminência, e mostram como o caminho de suas vidas as nutriu interiormente.
Dois solos, duas presenças solitárias que nunca se encontram, mas coexistem no mesmo espaço-tempo. Numa imersão íntima e modesta, o coreógrafo quer apreender o invisível, o que o gesto conta por si mesmo sobre o que nós somos, com o desejo de nos deixar vislumbrar o que é a realidade que expressa o dançarino, que se torna o próprio autor de sua dança. Chegando mais perto do seu estado de presença, mas sem ser envolvido por ele, sem querer solucionar o seu mistério, estando próximo e contemplando o movimento, que cresce, se desenvolve e morre. Ser o seu eu habitual, estar no mundo, e mutuamente. Um díptico de retrato feminino no qual o invisível emerge da superfície do movimento.
Duração: 1h10 | Indicação Etária: Livre
Concepção e coreografia - Rachid Ouramdane. Performance - Annie Hanauer e Lora Juodkaite. Desenho de Luz - Stéphane Graillot. Cenotécnica e coordenação técnica - Sylvain Giraudeau. Fotografia - Patrick Imbert. Produção executiva - Erell Melscoët. Coordenação Geral - Anaïs Métayer. Produção - L’A. (apoiada por DRAC Île-de-France / Ministério da Cultura e Comunicação, pela Região Île-de-France e do Instituto Françês para projetos internacionais). Rachid Ouramdane é artista associado do Théâtre de la Ville de Paris e do Bonlieu – Scène nationale em Annecy (France).
TEATRO MARCO CAMAROTTI
29 de outubro|quinta|20h